segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Meus segredos

Não sei dizer onde vivem meus medos, minhas incertezas, minha insegurança. Tudo que sei é que às vezes me cercam e sem saída me deixam, as palavras me roubam e me fazem esconder-me até de mim mesmo. Sei também onde nascem meus males, raízes de minhas culpas e medos.

Por vezes é clara a visão de minha própria fraqueza e meus passos tornam-se incertos e frágeis e Deus parece distante de mim, por minha própria culpa. As trevas de meu cativeiro impedem a luz de chegar a meus olhos, a esperança se esconde e minha ruína parece certa. Minha alma, vazia, procura encontrar uma lembrança, uma pequena memória de tempos mais felizes, tentando consolar-se na saudade, mas nenhum bem pode fazer a si mesma. A busca frustrada de consolações antigas torna ainda mais sentida a dor presente e parece aumentar o vazio que sinto dentro de mim. Nem mesmo as lágrimas me aliviam a dor, o pesar por meus erros passados cresce diante de meus olhos cansados de procurar um alívio.

Foi neste cenário que Jesus apareceu, silencioso, discreto, iluminando as virtudes e dons que meu mal escondia de mim. Chegou sem fazer alarde e sem acusar-me de minhas culpas, aproveitou-se de minha fragilidade e sensibilidade naquela hora para conquistar-me, trouxe à luz não somente o bem que tinha perdido de vista, mas também o grande dom que me fez deixando-me sentir-me sozinho, mergulhado nas minhas fraquezas. Sem luz não era possível perceber as mercês que me fazia o Senhor, e assim não as podia tocar ou sentir.

Descobri assim no meu coração a nascente da humildade. Jesus fez brotar água da rocha, como Moisés no deserto, e minha sede já não me molesta tanto quanto no passado. O alimento novo que me deu o Senhor tem me sustentado até aqui, e creio que assim será até o final do caminho.

Assim creio, assim espero, seja sempre feita Sua santíssima vontade. Amém.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Minha Oração

Meu corpo não deixa minha alma rezar, mas não sabe que nisto também rezo. De mil maneiras me fere saber que não posso ir além de meus limites e das fraquezas que me prendem não posso fugir, mas pacientemente espero que do Senhor alcance forças para vencê-las todas.

Fica-me a lembrança dos tempos de maior liberdade, delas se nutre minha esperança de ver dias melhores por aqui. Não me entristeço, porém, ao ver que hoje as coisas parecem que não vão tão bem quanto no passado, eu apenas creio que quando vejo pouco Jesus age em mim com maior liberdade do que em outros tempos.

Padece meu corpo, faltam-me forças para cumprir o que devo cumprir e o que deseja minha alma. Ela está pronta, mas o corpo foge do que faz a alma livre, ficando ela cativa do que não posso fazer. É graça, porém, o que encontro aqui; por serem frágeis, as algemas se quebram logo e minha alma fica logo livre. Quebram-se as correntes por si mesmas, não podem durar muito tempo se minha vontade por elas não se deixa prender. Minha inteligência pode ficar cativa de minha fraqueza e minha memória presa da saudade, mas a vontade não precisa fazer-lhes companhia, seja para render-se ou para tentar livrá-las, se ela segue livre atrás dela seguirão também.