terça-feira, 27 de setembro de 2011

Jesus Morre na Cruz

Pai, em Vossas mão entrego meu espírito e meu corpo, minha vontade e entendimento, minha memória e sentimentos, todo o meu ser para que de mim façais o que quiserdes, como quiserdes. Disponde de mim, Pai Santo, e inspirai-me continuamente com Vossa Santíssima e eterna vontade, a fim de que eu permaneça fiel a Vós tanto quanto Vós permaneceis fiel a Vós mesmo e a mim. Cuidai que não falte para mim nada do que for necessário para que, nutrindo o corpo, jamais me falte disposição e força para servir-Vos a todo instante e Vosso Filho me encontre vigilante, fazendo o que devo fazer, quando Ele voltar para colher o trigo em Vossos celeiros. Assim seja.

Ave Maria, Senhora das Dores, teu silêncio mais uma vez nos deixa uma preciosa lição que nos custa muito aprender. Onde encontraste forças para suportares tamanha dor? Como pudeste permanecer de pé ali, aos pés da Cruz de Jesus, quando tantos fugiram e outros tantos o negaram? Muito amavas, por isso muito pudeste sofrer sem te curvares. Teu coração e teus olhos permaneceram sempre voltados para o alto, nunca presos à terra. Buscavas sempre o que estava no alto, e tua vida deste a Cristo, em quem antes a encontraste e agora a encontras de novo. Ó glorioso intercâmbio de dons entre o céu e a terra! Ó inefável mistério celebrado em nosso altar de terra e pó, o Criador feito criatura, a criatura feita mãe do Criador!

Dois caminhos de mesmo destino que misteriosamente se entrelaçam em vias diversas e tão semelhantes, vias de amor. A mãe introduz o Filho em Seu caminho e missão de Salvador e agora o Filho, antes de entregar ao Pai o seu Espírito, introduz a mãe em seu caminho novo, fazendo-o um com o seu que ali terminava começando de novo naquela mulher a quem quis confiar o cuidado daqueles a quem Ele mesmo veio salvar.

Agora os discípulos são teus, Maria. Morreu o Mestre, deixando-os para ti. Tens agora a missão de abrir-lhes o coração ao dom de teu Filho, guardando-os em teu coração e levando-os contigo ao alto para ao alto voltar também os olhos desses pobres amigos de teu Filho, teus filhos. Foste feita porta do paraíso, escada do Céu, aurora do novo dia, bem aventurada Maria! Agora o Espírito que te cobriu chegará àqueles a quem acolhes e cobres com teu cuidado, sobre quem pousas o olhar comunicando-lhes a vida que deste a teu Filho e que Dele recebeste. Tuas lágrimas se tornaram mais um sinal do novo batismo, sinal do Espírito Santo.

Choras a morte de teu Filho, mas não choras triste. Choras por veres se perderem tantos que foram feitos teus filhos, mas não te entristeces, esperas, e nisto te alegras, que a misericórdia de Teu amado Filho alcance a muitos além de ti, e chegue a todos em todos os lugares da terra, em todos os tempos até o dia de Seu regresso. Por isso guarda-nos, Mãe, a nós que a ti nos queremos confiar e àqueles por quem rezamos, a fim de que por ti protegidos a tentação não nos vença e alcancemos a vida que para nós o Cristo conquistou em Sua Paixão. Amém.

Pela Paixão do Senhor sejam sempre dadas glórias ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Jesus sobe ao Calvário

Pai de Misericórdia e Deus fiel, a Vós dirijo meus pensamentos, meus desejos e todo meu afeto, movido pela Vossa graça que irresistivelmente me atrai e me prende sem deixar-se furtar de minha presença. Onde estou, aí estais também Vós, Senhor meu, para cuidar de mim, a quem quisestes chamar Vosso filho unindo-me ao Vosso unigênito, em quem me reconciliastes com Vosso amor e me fizestes participante de Vossa vida, restaurando-me segundo a imagem perfeita do Verbo encarnado. Por Ele a todos nós alimentais todos os dias, por Ele nos dais o perdão segundo a medida da misericórdia que praticamos e por Ele nos quereis livrar dos males eternos, concedendo-nos a vida que Ele já conquistou para nós em Sua paixão, morte e ressurreição. Dou-Vos meu consentimento a tudo quanto quereis fazer por mim e em mim, certo de que sob Vosso cuidado nada me faltará. Assim seja.

Ave, Maria Virgem, mãe castíssima de Deus, tabernáculo puro e morada santa do Senhor do Universo, a ti quero agora voltar meu olhar e meu coração para aprender de ti a maneira melhor de amar teu divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Vejo-te aflita acompanhando a via dolorosa que segue Teu Filho. Teu rosto banhado de lágrimas, teu coração dilacerado pela espada de dor prenunciada pelo velho Simeão e que a cada passo dado por Jesus penetra mais profundamente em tua alma imaculada. Quê fizeste para merecer tal suplício? Qual teu filho divino, és também inocente. Tens puro o coração, tens puras tuas mãos. Vês o teu filho e com Ele choras, impotente, frágil, rendida com Ele aos mais cruéis açoites, e por tua obediência unida à humildade de teu Filho com Ele desfazes os males que o pecado causara no coração dos homens. Onde Eva caiu, tu triunfaste; onde Adão pecou, o Cristo saiu vencedor.

Chora Maria, chora a Igreja, chora o Cristo. O homem é redimido por sua própria culpa que mata seu redentor. Eis o Cristo que em silêncio deixa-se matar para da morte salvar Seus assassinos! Eis a Virgem Dolorosa, que silenciosamente assiste a Seu menino, rezando, rezando, rezando. Existe dor maior que a sua dor? A mãe vê seu filho injustamente ferido de morte, e o filho vê-se ferido por seus próprios amigos, vê chorar sua queridíssima mãe, vê-se privado de todo consolo, de qualquer alívio. Vejo-te aflita, Maria, olhando a crueldade dos homens, olhando os insensíveis carrascos, olhando a cruel ignorância que se incha de inveja e mata o Filho de Deus, a quem esperava e não recebeu. Parece triste o fim do caminho. Tens atravessada a alma por uma espada de dor e teu Filho o corpo inteiro desfigurado por incontáveis feridas, já quase sem vida chegando ao final do caminho. Como a serpente no desejo será levantado da terra o Filho do Homem. Aproxima-se a hora final e tu, Maria, esperas em silêncio, sem pressa, que se cumpra a promessa.

Roga por nós, Maria, a fim que de Cristo nos venha a capacidade de lhe sermos fiéis em todas as circunstâncias. Sem teu auxílio, Doce Mãe de Deus, facilmente nos perdemos do caminho que nos fora traçado por teu Filho divino e nos esquecemos de Seu Evangelho. Guarda-nos sob a tua proteção, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, a quem sejam dadas toda honra e toda glória, com o Pai e o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A Coroação de Espinhos

Pai amado, a Vós sobem nesta hora os nossos louvores, ações de graças e súplicas em favor de nós mesmos e de todos os homens, Vossos filhos, nossos irmãos. Estendei Vossa mão benigna sobre nós e dai-nos de Vossas graças aquelas de que mais necessitamos no meio dos sofrimentos desta vida, a fim de que não nos faltem forças para nos empenharmos em edificar já neste mundo o Reino que alegremente esperamos receber de Vós se vos formos fiéis. Alimentai-nos, portanto, na mesma medida em que empenhamos nossas forças no trabalho de Vosso Reino e sobre nós venha, Senhor, a Vossa graça da mesma forma que em Vós nós esperamos (Sl 33, 22). Livrai-nos assim, Senhor, de todo mal, a fim de que nenhum obstáculo se interponha entre nós e Vós e Vos possamos eternamente amar já desde esta vida até à eternidade. Assim seja.

Ave Maria Santíssima, gloriosa e simples filha de Sião, mulher bem aventurada a quem foi dado gerar o Santo de Deus, a descendência que pisaria a cabeça da serpente depois de ter por ela o calcanhar ferido. Tua obediência leva à ruína o reino de Satanás e de seus seguidores, teu silêncio cala os gritos do inferno e cobre de vergonha os que te insultam, manténs-te impassível como pedra diante das pedras que lhe atiram e que sabes não poderem fazer-te mal. Imita-te a Igreja, de que és perfeita figura e imita-te o Cordeiro, de quem a Igreja é esposa.

É, pois, coroado de espinhos o Rei do Universo, coberto de um manto púrpura o Senhor dos senhores. Tomando nas mãos um cetro, por zombadores é cortejado e escarnecido. Ele, porém, mantém-se impassível, não se rende àqueles que querem fazê-lo cair sob a vergonha e a difamação, permanece de pé e não abre a boca. Escolhe por súditos a pecadores, todos eles, e se deixa por eles coroar por suas práticas vergonhosas, por seus vícios, maledicências, impurezas e toda sorte de pecado. Eis o filho obediente, o servo sofredor, o cordeiro inocente, aquele que deve tirar o pecado do mundo. Deixa-se adornar de imundícies para com elas subir o calvário e deixá-las, mortas, no alto do monte. De lá não sairá Ele com vida, e mortas ali ficarão as misérias que com Ele terão subido.

Teu silẽncio, Doce Mãe de Deus, imitava e prefigurava a paciência de Teu Filho, Dele foste mestra e discípula. Calando-te te prostravas diante da divindade que aos teus cuidados se rendia e agora vês rendida, silencias vontade para que se salvem os que põem pecados sobre Teu Filho. Em silêncio vês Teu Filho mudo, recolhendo no coração tudo que se passa, os sofrimentos e males dos homens, para levá-los todos á morte consigo.

Roga por nós todos, Maria, a fim de que sejamos verdadeiramente nobres e honremos a herança que nos foi concedida por Cristo em Sua Paixão, morte e ressurreição. Ajuda-nos a reconhecê-lo como Rei, e rei coroado de espinhos, e assim saibamos entregar-lhe nossas dores, sofrimentos e pecados, para que, rendidos aos Seus Pés, O possamos amar sem amarras, livres das tristezas que mantinham baixos nossos olhos e não nos deixavam ver-lhe a glória que Ele mesmo nos quis revelar. Amém.

Glórias sejam dadas ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Jesus é Flagelado

Pai bondoso e cheio de misericórdia, Deus fiel e dileto Senhor de nossas almas, a Vós voltamos nossos olhares e pensamentos, afetos e desejos para pedir-Vos a única graça que nos é sumamente necessária: a santidade. Dai-nos, por vossa bondade, a disposição e a capacidade de cumprir Vossa vontade em todos os instantes de nossa vida. Nutri-nos incessantemente com o pão de Vossa graça e saciai nossa sede sempre com as águas puras do Espírito Santo, a fim de que sejamos sempre dóceis à Vossa vontade e saibamos progredir na santidade, na prática da justiça e no amor ao próximo. Assim seremos por Vós livres de todos os males, sobretudo saquele que nos ameaça na hora da morte, e encontraremos um final eternamente feliz junto de Vós. Amém.

Ave Maria Santíssima, Senhora Nossa, mãe das dores, Senhora do calvário, filha de Sião bendita cujo coração ferido de amor faz jorrar sobre o mundo o Amor que por Cristo tiveste a dita de guardar em teu seio. Vejo teus olhos vertendo abundantes lágrimas ao saber da prisão de teu amado filho e Senhor. Sinto a amargura e a tristeza de teu coração ao veres teu inocente Jesus, para ti para sempre o teu pequenino menino, ser conduzido por aqueles homens que ignoram a gravidade do crime que são forçados a cometer. Aqueles soldados veem nisso a obrigação de aplicar a sentença a um condenado e zombam deste homem que se dizia Filho de Deus, Rei dos Judeus, Senhor do Sábado, Mestre e Senhor e que guardava silêncio, não retrucava um insulto sequer, para que se convertessem os corações que o feriam, mais pelo amor do que por sinais ou prodígios. Ele queria a misericórdia, não o sacrifício, e por isso preferiu o amor aos prodígios, preferiu silenciar a defender-se. Imitou-te o exemplo, Maria, e aprendeu a obediência fazendo memória da obediência que viu em ti durante toda a Sua vida. Ele, em tudo semelhante aos homens, de tua virtude imitou o exemplo e silenciou, guardou tudo no coração e pelos sofrimentos que teve aprendeu a obedecer (cf. Hb 5, 8) e, obedecendo, pagou em nosso lugar o preço devido por nossos crimes.

Por isso és bendita Maria, por isso toda geração te proclama bem aventurada e eternamente feliz. O sim que disseste ao anjo ecoa na vida do Filho que de ti nasceu, a fortaleza que se vê no Filho viu-se antes na mãe, aquela que acreditou e viu cumprir-se plenamente o que da parte do Senhor lhe fora dito (cf. Lc 1, 45). Quem o poderia crer se não testemunhasse em teu favor o Filho que em ti gerou o Espírito, cumprindo ao máximo o mandamento de Seu Pai e, ao honrar o pai e a mãe que tivera na terra, prolongando os seus dias apesar de tão cedo encontrar a morte. Abraçou-a livremente, imitando a perseverança que no seio de sua família aprendera, consciente de que poderia livremente retomar a vida que ali entregava. Assim conquistou para si a vida prometida a quem cumprisse lei (cf. Ex 20, 12) e entregou o prêmio a todos quantos quisessem acreditá-lo e segui-lo. Livrou a todos da pena da lei, fazendo-a pesar sobre si. Ele, inocente, sofreu toda a pena, para que nós, culpados, da nossa culpa fôssemos remidos, recebendo dele o prêmio da vida, se lhe imitamos o exemplo que nos garante o perdão.

Isto alcança para nós, Maria, por tua constante intercessão e cuidado. Se por ti somos educados, como poderemos não nos parecer sempre mais com teu Filho? Isto queremos, somente isto desejamos, e que se perca todo o resto, contanto que, assim, de Cristo não nos percamos. Segura-nos, mãe, a fim de não cairmos na tentação final e te possamos encontrar na glória e contigo amar o Teu Filho, com o Pai e o Espírito Santo, por todo os séculos dos séculos. Amém.

Assim sejam sempre dadas glórias à Trindade Santíssima que a nós se quis revelar a fim de restaurar-nos a dignidade perdida pelo pecado. Ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito seja a glória e toda a nossa vida. Assim seja.