segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Repouso

Como repousar quando o presente parece trazer o contrário do que costumava ser a vontade de Deus? Percepção, ora segurança, ora engano, guiada que é por gostos e expectativas, por um instinto de auto-preservação e auto-indulgência. Pergunto: o que é a vontade de Deus? A resposta genérica ressoa nos lábios dos que ao menos conhecem um pouco da Palavra de Deus: nossa santidade. Dos meios, porém, de que essa vontade se serve tão pouco se cura! O que costumava ser a vontade de Deus às vezes se escurece, como que coberto por nuvens espessas, por trevas que parecem fazer fronteira com a pouca luz que resta onde pisamos. Iluminam-se nossos pés, nossos passos, mas raramente o caminho ou o destino, atrás ou adiante. Quando muito, pode-se vislumbrar num instante muito curto uma parte do caminho ou num relance uma parte ínfima do destino.

Como repousar quando o presente parece trazer o contrário do que costumava ser a vontade de Deus? Pela fé, mistério que nos faz capazes desse repouso, dessa segurança na tempestade da incerteza e da dúvida. Quando tudo à minha volta e até dentro de mim atesta a ausência de Deus, o caos, então minha alma repousa, então minha fé se desdobra em infinita certeza de que Deus está no controle, de que Ele é e está aqui. Repouso de meus esforços, de minha tendência a querer controlar quem sou, o que sou e o que faço e deixo tudo nas mãos de meu Deus. Dar-nos-á esse descanso e alívio aquele que é a própria verdade, que promete e não pode deixar de cumprir aquilo que promete.

Dito isso, o que farei? O desespero e a insegurança não terão mais lugar em meu coração. Pode o mar agitar-se e ameaçar minha vida, o que poderei temer se até mesmo o naufrágio poderá ser-me útil?