sexta-feira, 30 de abril de 2010

Linguagem

A linguagem é meu limite. É fácil esbarrar nas bordas das palavras, sempre querendo dizer mais do que podem. Quisera ver-me livre desses limites, falar com Jesus sem palavras, sem gestos, sem olhares, livre dessas mediações, dessas caixas que podem conter tão pouco, por onde digo tão pouco, por onde ouço tão pouco.

Traduções, imagens, símbolos, limites que se impõem à tão simples necessidade de comunicação, nunca plenamente satisfeita, mas sempre presa nos mesmos limites, nos símbolos que não podem comunicar o todo. A arte é uma tentativa de romper esses limites, insinuando à razão significados que a transcendem, incitando a imaginação a buscar os significados ocultos nas insinuações.

A arte é algo que Deus deu ao homem para aproximá-Lo de si, para que rompesse seus próprios limites e vivesse com os pés no chão e o coração no Céu. Limites rompidos e obedecidos, paradoxo que define bem a liberdade que Deus oferece. Por isso Deus é tanto mais crível quanto mais é incrível, e nós O conhecemos e cremos assim, cada vez que o que não somos capazes de pensar se nos mostra com tanta facilidade que nossa razão se rende, vencida pelo Deus que a ultrapassa, indo além do que ela pode alcançar de mais simples e de mais elevado.