quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vendem-se verdades

Verdades não podem adaptar-se aos ouvidos dos destinatários. Boatos ou não, pensar nessa possibilidade me assusta. Não consigo conceber como alguém pode ser egoísta a tal ponto que ignore completamente o direito do outro de conhecer verdades que o são de fato. Aproximam-se dos outros e a cada um relatam os fatos sob uma máscara diferente, mais aceitável, mais desejável para o ouvinte. Vendem as verdades que conhecem por um valor desprezível, pela satisfação egoísta de ver o outro sorrir, de ser cuidado pelo outro quando fala com lágrimas nos olhos o que a outro falou com gozo e satisfação. Prostituição estranha essa. Tenho a nítida impressão (e a cada dia que passa me vejo forçado a crer que não é mera impressão) que as tramas das novelas estão moldando a maneira de agir e pensar de nosso povo e tornaram-se seus vícios, mascarados pela sua "liberdade de expressão".

Às vezes penso, talvez num excesso de misericórdia, que as pessoas não agem assim por maldade, mas por má educação e por uma grande necessidade de se esconderem da própria baixa autoestima. Por outro lado, penso naquelas que agem assim e se declaram cristãs. Esquecem-se de toda a lei de Deus, não o amam acima de todas as coisas, mas a si mesmos acima de todas as coisas. Tomam Seu Santo Nome em vão, dizendo Senhor, Senhor, sem ter parte no reino de Deus, que é verdade e justiça. Não santificam os domingos e festas de guarda, ainda que nesses dias participem das celebrações comunitárias, por que deixam de lado a vida em comunidade, o amor ao próximo. Não honram seus pais, praticando valores que não são, absolutamente, motivo de honra. Matam o outro, ferindo-o ocultamente com mentiras a que chamam verdades. Pecam contra a castidade, contra a integridade moral, sua e dos outros, ferindo a dignidade de todos. Levantam falsos testemunhos, e isto por excelência. Cobiçam, por fim, as coisas alheias, num desejo incontido de satisfazer as necessidades criadas por suas próprias frustrações. E ainda se dizem cristãos...

Não falo essas coisas com a pretensão de parecer perfeito na prática dos ensinamentos do Senhor. É sempre mais fácil acusar o outro de arrogância do que admitir os erros de que ele nos acusa.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Seguindo

Muitas vezes me perco no meio de minhas contradições e incoerências, mas não perco a esperança, sigo em frente na mesma direção que o Senhor me indicou quando inciei a caminhada. Sou ainda fraco, mas Deus me deu inteligência para escolher o melhor, mesmo que erre algumas vezes; meus sentidos costumam falhar, não vejo, não ouço direito. Mas, escolhas erradas, quem nunca as fez? Não quero, porém, ser mais uma vítima do conformismo e "acostumar-me" às minhas fraquezas, quero tornar-me melhor, e cada queda que sofrer será um erro eliminado de meu futuro. Não posso acrescentar um segundo pecado ao primeiro (cf. Eclo 7, 8), meus erros devem ser sempre únicos e solitários.

Neste cenário ornado debilidades decorre esta história que desejo seja escrita por inspiração divina. Chamem-me pretensioso se quiserem, mas o Senhor me permite desejos altos. "O que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará." (Jo 16, 23) Isto peço ao Senhor: santidade. Como posso ser santo sem que isto me seja concedido do alto? Creio que santidade é poder dizer: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim" (Gl 2,20).

Quero seguir assim, enquanto Deus ressuscita em mim o que havia se tornado antigo e disso faz expressão da novidade eterna de Seu Amor. Aos poucos redescubro a vida que havia em mim antes da morte e encontro no que estava morto motivos e razões para a vida que agora floresce. Quero ser como aquele "pai de família que tira de seu tesouro coisas novas e velhas" (Mt 13,52).