terça-feira, 2 de abril de 2013

Falta

O amor é minha insuficiência, vazio sempre crescente de necessidades que não sei saciar. Amo, talvez, sem poder mais, faço muito, faço pouco sempre, há sempre algo que resta por fazer. Paro, medo de não poder, medo de não saber vencer limites tão claros, tão grandes, fraqueza nunca ausente e sempre mais forte que a força que julgo ter. Falta-me amor, não faltam-me forças, falta-me ânimo, vida que esvai-se no desejo de dar o que falta, falta tão repetida, falso alento que encontro em parar, imerso em lamentos que antecipo do fracasso esperado, tão esperado, jamais desejado, mas tão esperado quanto um íntimo amigo, inimigo que vive comigo e em paz. Traio a mim mesmo e morro sem saber amar como quero, morro sem amor, sem o amor que quero dar, morro dando o pouco bem querer que tenho, o coração meu que dei a Deus, adeus aos meus sonhos, desejos muitos que se fizeram amor que me retira o torpor do lamento, da frustração e do medo, desejo que tenho de sempre morrer para sempre viver, para para sempre viver. Meu lamento é não poder dar o quanto quero, a falta, o que sempre falta, a falta que faz o que não tenho e não dou, falta sempre repetida, desejo sempre frustrado, amor que falta, minha insuficiência.