quarta-feira, 25 de abril de 2018

Ação de Graças

Hoje dou graças a Deus pela primeira vez que vi a luz, pelas lágrimas que por primeiro molharam meu rosto, pelo ar que naquele dia me “feria”, naquela festa de São Marcos Evangelista do ano do Senhor de 1986. Dou graças por aquele dia e por toda a história que se seguiu, história que me fez quem sou.

Quero que minha ação de graças, porém, não seja simples gratidão, mas dom, sacrifício, silêncio, eucaristia. A cada ano, no momento da celebração do Santo Sacrifício neste dia de São Marcos, sinto Deus me pedindo o mesmo que pediu àquele santo, a mesma humildade, a mesma simplicidade de coração, a mesma consciência das próprias fraquezas e o consequente abandono à Divina Providência que ele soube cultivar e acolher como dom de Deus.

“Deixa-te Paulo, e a Paulo segues,
vais imitando a sua lida;
perfeita é cópia que consegues,
dando por Cristo a própria vida”

Não pude conter as lágrimas quando rezava esses versos com a Igreja hoje, louvando a longanimidade de Marcos em sua decisão de dar a vida por Cristo. É o que celebro hoje, minha ação de graças pela vocação que recebi do Senhor, pela resposta que até hoje tenho sido capaz de dar-lhe e pelo desejo, embora frágil, de corresponder à altura de tão grande dádiva. Celebro meu natal com desejos de páscoa, renovando meu compromisso de seguir meu Mestre aonde Ele for, aonde Ele me enviar, e meu desejo, que é também uma prece de pedido de socorro, de ser capaz de oferecer-lhe tudo, tempo, suor, lágrimas, sangue e o que mais for preciso para amá-lo por toda eternidade.

São Marcos, rogai por nós!

quinta-feira, 12 de abril de 2018

O Amor

O amor se esconde, nos becos, nas sombras, nos lugares frios e úmidos e escuros e esquecidos, no abandono e no esquecimento. O amor se esconde, naquela terra estéril esconde-se o amor, naquelas sombras que ocultam vidas que se refugiam, que fogem dos mortos, salvando suas vidas onde não há nada aos olhos dos outros, daqueles que vivem em trevas mais densas.

Quem encontrará o amor? Quem descobrirá sua luz senão aquele que o quiser plantar, que o quiser lançar nas sombras, nos lugares frios e úmidos e escuros e esquecidos, no abandono e no esquecimento?

O amor floresce tão logo é plantado, é grande porque é pequeno, semente lançada na terra e regada a suor, regada de sangue, é flor e fruto de um dom integral, de uma vida que escolhe esquecer-se por outra, por aquela abandonada, esquecida ali onde o amor se esconde, na sombra e no frio, no abandono e no esquecimento.

Encontra-o quem já o possui, quem se faz amor, quem vai ao encontro do outro e se faz próximo e se esquece de si, o amor não busca seu próprio interesse, não guarda rancor, não vive nas trevas nem a sombra o pode conter, o amor não mata nem pode morrer, é mais forte que a morte e faz reviver.

O amor se esconde esperando encontros para aparecer. Ele já nos atrai, deixemo-nos mover!