segunda-feira, 13 de abril de 2009

Segredos

Gosto dos símbolos, das metáforas, porque há realidades às quais palavras não podem remeter diretamente; eterna tentativa de descrever a vida, sublime canto de louvor ao inefável, silêncio e contemplação de realidades que os olhos não alcançam. Gosto das palavras que não dizem tudo, que deixam pistas para que meu coração encontre o caminho, que indicam direções para que o sentimento encontre o significado, não nas palavras, mas na própria realidade que elas indicam.

Segredos parcialmente revelados, que dão espaço ao esforço particular de ir ao encontro, de investigar, conhecer, experimentar. Mistérios, significados que nos penetram, que nos precedem em todo conhecimento, que nos significam à medida em que por nós são conhecidos, porém nunca totalmente compreendidos.

Vida que nasce da morte, mistério estranho, realidade que nosso curto entendimento não pode alcançar, que nosso coração não conhece pela experiência imediata e instantânea, mas por testemunhos vários de palavras escritas por outros como nós, outros que não nos podem mais falar, em cujos olhos não mais podemos ver os sorrisos que viram a Ressurreição; testemunhos distantes demais, dizem, mas prefiro considerá-los próximos. Ressurreição não é fato isolado, reservado aos que morrem, mas prefigurado, preparado, construído pelos que ainda vivem neste mundo.

Neste estado de constante morte, de permanente passagem, quero aprender do Cristo o que significa procurá-lo entre os vivos, não estar eu também entre os mortos. Quero fazer de meu caminho trabalho de construção da vida, esforço de remover a pedra que fecha o sepulcro, para que no fim possa atender à voz do Cristo que me chama: "Vem para fora!" (cf. Jo 11, 43)