sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pequena partilha

Era um dia diferente aquele 10 de fevereiro. Eram mais ou menos 11h25 da manhã quando ela chegou, chorando, e olhou nos meus olhos suplicando ajuda. Nunca vi um olhar tão triste e tão profundo, que me fitava de um jeito que não me deixava desviar o olhar. Mas, desde quando ela ainda se aproximava, chorando, meu coração já chorava com ela, como se já tivesse tocado a razão de suas lágrimas, e eu rezava.

Ela chegou assim, e eu, sem palavras, só soube ouvir. Falei pouco, o necessário, que tão somente introduziu o essencial daquele encontro inesperado e cheio de esperança. Quem poderia prever o que nasceria naquele dia? Nada havia que se pudesse chamar de esperança, nada que os olhos pudessem ver. Trocamos poucas palavras, ela me deu mais de si do que eu lha dei de mim naquela hora; dei-lhe apenas um terço, sem grandes pretenções, sem imaginar o que viria depois dali. Uma amizade que nasceu num dia fatídico, estranho, imprevisível. A alegria foi aos poucos penetrando aquele coração. E a vida renasceu, e já naqueles primeiros dias já a chamava, dentro de mim, de minha filha. Grande responsabilidade que me revigorava, que me enchia de vida também, e que me atraía para aquela alma que me fez encontrar um Cristo diferente, mais próximo, encarnado, em mim e nela.

Hoje não consigo explicar o que acontece, a intimidade que cresce sem tentativas de fugas, sem máscaras, com uma pureza que às vezes me surpreende. Como ser pai, irmão e amigo de alguém, e um pouco de Deus também, sendo homem, e imagem de Cristo, humano e um pouco divino? Eis o Cristo, que vive em mim sem que eu O veja, e que me encontra no meu próximo mais próximo que me chama de melhor amigo, ou de anjo, mensageiro.