quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Sou eu

O trabalho penoso de me descobrir artista passou pelo reconhecimento de fragilidades cuja origem eu desconhecia, e por isso as rejeitava. Foi observando e ouvindo outros como eu que pude enxergar-me assim como sou, sem véus. Observei e ouvi esses que carregam o fardo da arte, sem, no entanto, reconhecer-me entre eles, e assim purifiquei o meu olhar e pude ver em mim os detalhes que antes desprezava, e que me tornavam o que realmente sou. Descobri em mim uma arte diferente, palavras que saem de mim sem que eu as retire, letras que encontro sem que eu as procure, elas, na verdade, me encontram, me encantam, e me fazem transformá-las na expressão de meu próprio ser. Descobri-me capaz de tocar realidades que antes me pareciam inatingíveis, distantes demais, e encontrei em mim uma liberdade da qual antes era apenas mais um admirador. Em saber-me artista encontrei a possibilidade que Deus me deu de manifestar sua beleza ao mundo através de minha própria vida, e aprendi que fazer arte é pôr uma realidade em molduras, delimitar em moldes definidos o que ela é, sem porém reter tudo, mas apenas parte de sua essência, a fim de que o que a arte mostra seja amado na beleza da representação. Descobri assim que evangelizar não era tão difícil como imaginava, bastava apenas ser eu, artista de Deus, e arte Dele também, e tornar-me, a partir do que Ele me deu, um pouco Dele aqui também.