terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Misericórdia

Quem pode medir a misericórdia do Senhor? Quem jamais pôde sondar suas intenções e Sua vontade a não ser o Espírito de Deus que Dele procede? (cf. 1 Cor, 2, 11b; Jo 15, 26)

Por isso clamamos que sobre nós venha, Senhor, a Vossa graça da mesma forma que em Vós nós esperamos (cf. Sl 32, 22) para que em nós se realizem os prodígios de Vossa misericordiosa vontade. Ousamos dizer, embora cheios de temor: que sobre nós não venha a Vossa graça se em Vós não esperamos. Se duvidamos, porque pedimos? Se não cremos, porque mentimos dizendo o contrário? Enganamos, embora não nos agrade o engano. Mentimos, mas não toleramos a mentira. Fingimos, mentimos, interpretamos personagens, criamos situações confortáveis em nosso próprio benefício, vamos à Igreja, fazemos nossas orações, mas em nosso coração há mentira, desespero, incredulidade e toda sorte de falsidades e delitos. Acusamos a todos, mas não acusamos a nós mesmos e ainda dizemos que esperamos os benefícios do Senhor. Acreditamos desacreditando, confiamos desconfiados, ouvimos a Palavra de Jesus com nossos planos guardados para o caso de não dar certo. Onde está a nossa segurança? Em ti mesmo? Perecerás certamente. Em Deus? Passarás seguro por todo e qualquer caminho e nada te faltará em todas as tuas necessidades.

Eis o que te diz o Senhor: "Tem firmeza e segurança! Mostra-te corajoso e magnânimo, e a seu tempo te virá a consolação. Espera por mim, espera! Virei e te curarei." (Imitação de Cristo, Livro III, 30, 2)

Jamais poderia eu medir a misericórdia de meu Senhor, mesmo conhecendo um pouco de Seu coração também jamais poderia esperar um favor a quem de todo é desmerecedor, a mim, que dizendo Seu nome o traí, pensando n'Ele o neguei, dizendo que o amo o matei. Mas a mim Ele quis estender Sua mão, levantou-me logo que caí e não deixou que eu ficasse no chão por longo tempo. Me sustentava Seu olhar enquanto eu o traía, enquanto eu o negava. Eu fugia e Ele já me chamava de volta e voltei. Ele, então, me disse: "Ao aprendiz tolera-se o erro, mas do já instruído não se espera excessos ou faltas, mas que tenha virtude." Meu coração estremeceu, minha alma chorava por havê-Lo traído, mas feliz eu voltava e ouvia de novo Sua voz. Não era uma voz que me reprovava pelos erros passados, mas uma voz que me encorajava à prática constante da virtude que Ele me dava. Instruiu-me Ele no amor e agora espera que eu ame. Amarei, com a ajuda do próprio Amor.