segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Minha vida

O despreparo me prepara para a autenticidade. Se sou surpreendido no ‘não saber falar’, não tento me explicar, mas apenas digo que não sei dizer, e deixo o que sou falar por mim. Vivo na claridade da serena liberdade de não saber mentir.

Sou amigo dos detalhes, dos poetas, das realidades concretas, abstratas. Sou poeta de rimas pobres, de reticências. Amo a novidade das palavras antigas, sou escritor de versos novos. Recolho as pedras do meu chão, chão que piso com pés descalços. Vejo Deus desenhando estradas ao mesmo tempo em que passo por elas; seu traço é firme, e aos meus olhos, imprevisível. O lugar onde piso é meu destino, destino dos caminhos passados. O amanhã é meu destino de hoje.

Essa é minha vida, subjetiva, relativa, de imagens vagas e versos soltos, que descrevem o que sinto e as pedras que piso. Ando aqui sem saber chegar, descrevo as paisagens sem saber falar, e minhas rimas dizem somente que é bonito o que está perto e o que não vejo. Confio no meu guia, que por aqui andou antes de mim. Meu guia é aquele que desenha as estradas, cartógrafo de mapas que não tenho nem posso ver. É Ele quem compõe meus versos. É Ele a voz que me dita as rimas que cantam a suave melodia da minha vida.

Versificando eu sigo a vida, cantando em prosa o meu caminho, escrevendo em letras miúdas minha história. Escrevendo eu passo por aqui, moldando em versos minha vida, versos que me tecem e me formam, que descrevem esta confusão que insiste em ficar em mim. Meu Senhor me fez sensível a tudo que ouço, olho e sinto, e me manda descrever em letras poucas os presentes que me dá.

Meu Jesus me deu também amigos, e de nós nos fez irmãos, com quem caminho por iguais estradas, de mãos dadas e corações unidos. Vivem comigo a alegria de seguir o único que a esta estrada conhece, o mesmo que a desenha sob nossos pés.

Hoje é dia de celebração, dia de festa de corações que seguem livres e cantam felizes o destino que perseguem. Cantamos alegres a verdade que abraçamos, verdade que a nós se revelou, que nos fez ver os sinais que nos apontam o destino de caminhos que não vemos. Vivemos na claridade da serena liberdade de em Deus querer viver, de verdade viver.