sexta-feira, 5 de junho de 2009

Santidade

Sou um discípulo tardio da poesia, amigo recente da prosa e das alegorias das palavras. Os poetas não costumavam figurar no meu quadro de interesses, e o elenco de meus objetivos contemplava sempre ao longe seu palavreado enigmático e excessivamente alegórico. Quem diria que hoje me contaria entre eles? Foi uma descoberta estranha, num repente que não sei descrever, do qual conheço apenas o ponto de partida.

Agostinho era o nome daquele personagem cujo desconhecimento me cativava. Uma vida que resgatou a minha das rédeas de minha aversão à sensibilidade humana. Almas que se desvelam tem o dom de iluminar outras que delas se aproximam. Foi o que aconteceu. Hoje colho os frutos daquele fortuito encontro que minha curiosidade motivou. Às vezes paro, pensativo, tentando descobrir de quem, de fato, foi a iniciativa, minha ou dele.

Nós católicos temos um jeito poético de nos recordarmos daqueles que foram para nós exemplo de vida cristã. Nós os chamamos santos, por que portadores da verdade do Evangelho e em cuja vida os defeitos não prevaleceram. Santo Agostinho é um deles, filósofo, místico, músico, poeta, sacerdote do Altíssimo a ensinar-nos o caminho de subida ao paraíso pelos degraus humanos. Considero-o meu amigo, mesmo sem o poder ver e abraçar, porque Aquele que por meio dele encontro me preenche a tal ponto que as palavras de desalento que os descrentes ou minha frágil humanidade me dizem perdem completamente sua força.