terça-feira, 12 de outubro de 2010

Gritos pela vida

Ouvimos gritos vindos de todos os lados, clamores quase desesperados por uma justiça que mais parece vingança do que uma pretensa defesa de quem julga não ter outra saída senão a morte [dos outros]. Jornalistas, líderes religosos, gente sem instrução, todos querem encontrar um lugar de evidência no meio das discussões e gritar mais alto que todos os outros. O aborto é o tema da moda, e é ele que suscita os gritos de socorro, de mães e do povo que se levanta pelos filhos delas. Penso que ambos devem ser ouvidos.

Não é mera demagogia querer defender os nascituros com protestos, leis e projetos em defesa da vida, ainda que alguns chamem isso de aberração. Aberração é querer hierarquizar a vida, e dar mais importância à vida das mães que à vida de seus "indesejados" filhos. Não condeno os que querem defendê-las da morte, mas condeno o pensamento que se alastra pelas mentes malsãs, que consideram a vida dos filhos menos importantes que a vida de suas mães, e os julgam intrusos de seus corpos [invioláveis].

Poucos procuram a razão do problema. As mulheres que abortam precisam de ajuda? Sim. Podemos ignorar o fato de que muitas morrem em procedimentos abortivos e negar-lhes auxílio? Não. Não podemos tampouco ignorar a morte de crianças que ainda não tem voz e calar a voz dos que pedem socorro por elas. Quando o Papa Bento XVI levantou a voz, em nome de toda a Igreja, contra a promiscuidade e o uso livre de contraceptivos muitos lhe atiraram pedras, poucos o louvaram e quase todos julgaram ser apenas mais uma manifestação do "moralismo" católico, retrógrado e superficial, como dizem. Ignoram que está aí a grande causa dessa capacidade patológica de entender tudo pela metade.

Querem o sexo livre, mas não querem filhos. Inventaram, então, os anti-concepcionais e preservativos. Depois, como se não bastasse, elegeram agora o aborto como última "solução" para a irresponsabilidade que querem esconder. Doenças sexualmente transmissíveis são apenas a desculpa bonita que encontraram para não educar o povo. O discurso falacioso dos abortistas denuncia isso. Ninguém está interessado em evitar doenças, mas em evitar filhos, e a prevenção da doença vem a reboque. Chamam a Igreja de inquisitora por reprovar os que assim procedem, enquanto são eles os que condenam inocentes. O que não vêem é que a Igreja não condena ninguém à morte, enquanto eles querem matar quem sequer teve a chance de conhecer a vida.