Ouvimos gritos vindos de todos os lados, clamores quase desesperados por uma justiça que mais parece vingança do que uma pretensa defesa de quem julga não ter outra saída senão a morte [dos outros]. Jornalistas, líderes religosos, gente sem instrução, todos querem encontrar um lugar de evidência no meio das discussões e gritar mais alto que todos os outros. O aborto é o tema da moda, e é ele que suscita os gritos de socorro, de mães e do povo que se levanta pelos filhos delas. Penso que ambos devem ser ouvidos.
Não é mera demagogia querer defender os nascituros com protestos, leis e projetos em defesa da vida, ainda que alguns chamem isso de aberração. Aberração é querer hierarquizar a vida, e dar mais importância à vida das mães que à vida de seus "indesejados" filhos. Não condeno os que querem defendê-las da morte, mas condeno o pensamento que se alastra pelas mentes malsãs, que consideram a vida dos filhos menos importantes que a vida de suas mães, e os julgam intrusos de seus corpos [invioláveis].
Poucos procuram a razão do problema. As mulheres que abortam precisam de ajuda? Sim. Podemos ignorar o fato de que muitas morrem em procedimentos abortivos e negar-lhes auxílio? Não. Não podemos tampouco ignorar a morte de crianças que ainda não tem voz e calar a voz dos que pedem socorro por elas. Quando o Papa Bento XVI levantou a voz, em nome de toda a Igreja, contra a promiscuidade e o uso livre de contraceptivos muitos lhe atiraram pedras, poucos o louvaram e quase todos julgaram ser apenas mais uma manifestação do "moralismo" católico, retrógrado e superficial, como dizem. Ignoram que está aí a grande causa dessa capacidade patológica de entender tudo pela metade.
Querem o sexo livre, mas não querem filhos. Inventaram, então, os anti-concepcionais e preservativos. Depois, como se não bastasse, elegeram agora o aborto como última "solução" para a irresponsabilidade que querem esconder. Doenças sexualmente transmissíveis são apenas a desculpa bonita que encontraram para não educar o povo. O discurso falacioso dos abortistas denuncia isso. Ninguém está interessado em evitar doenças, mas em evitar filhos, e a prevenção da doença vem a reboque. Chamam a Igreja de inquisitora por reprovar os que assim procedem, enquanto são eles os que condenam inocentes. O que não vêem é que a Igreja não condena ninguém à morte, enquanto eles querem matar quem sequer teve a chance de conhecer a vida.
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