sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Rei humilde

Demos-te umas pobres palhas
e um teto pobre, alguém que
pôde redimir nossa raça
e dar-te um abrigo, ignorava,
porém, quem eras, ó rei

Nascias naquele dia, estranho,
em viagem fugias levado num
burro, tua mãe em suspiros,
teu pai, homem justo, sequer
imaginava quem serias

Rei nascido tão pobre, eis
nossa devoção, demos-te
pouco naquele que te deu
a manjedoura por berço
sem prever o que farias

Ei-lo, o Rei ainda menino
e já soberano, excelso tão
pequeno, inábil ainda, pouco
menos que nós, ei-lo abaixado
e nós ainda exaltados

Rei misturado a seus súditos,
disfarse perfeito, descobre-se
velando-se e descobre-nos tudo,
eis-nos desnudos, vê-nos o Rei,
nada lhe está escondido

Agora que o vimos, que faremos?
Eis-nos rendidos, não fez caso
do pouco de nós recebido e deu
de si tudo, fez-se um de nós,
fez-se o nosso melhor

Dar-te-emos, ó Rei, nossa vida,
um berço melhor, coroa de ouro,
o que outrora era nosso, nosso
roubo, é teu em verdade, pois
que nosso coração tu roubaste