quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

ReColhendo Vida

Passos, pegadas e rastros, quadro da vida pintado em passados, presentes. Mãos nossas que alcançam somente belezas que passam, olhares distraídos em curtos encantos.Olhos cansados fixos em luzes poucas, ávidos por artificiais desejos. Chegado o tempo da colheita, o que colheremos? Dos fragmentos de vida caídos no chão, quanto recolhemos? Falo de pedaços da vida partida dos corações sofridos, abandonados por corações que se julgam inteiros, que se destroem a si mais que aos que desprezam. Falo dos atos e gestos criados por nosso egoísmo e por nossa vaidade, fatos inúteis provocados por instintos irracionais e irrefletidos. Falo da descrença do coração nosso, ferido por si mesmo por medo de encontrar vitória, por ter medo e vergonha daqueles que desprezam o esforço de viver. Falo da falta que nos faz um sentido, uma simples razão para vivermos e sermos úteis, sem as distrações que nos fazem perder de vista nossa própria vida. Falo de jardins que carecem de cuidado, porque os jardineiros andam ocupados demais em caçar borboletas e fugir de abelhas. Chegará o tempo da colheita, mas quantos de nós terão frutos para colher? Quantos de nós terão frutos que se aproveitem, quantos de nós terão alimento quando forem ceifados nossos campos? Quantos de nós enfeitarão o altar de Deus com as flores de seus jardins? Quantos de nós quererão ter feito que que agora não querem fazer?