segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Tu me amas?

Não consigo tolerar certas sutilezas românticas que traem o bom senso com sentimentalismo. Nada contra os românticos, mas tenho algo contra os excessos.

Outro dia vi uma frase circulando pelas redes sociais sob elogios e manifestações de comoção: "Só diga que me ama depois de ter se decepcionado comigo ou então eu vou esperar a primeira ferida para ver o quão verdade isso é." (Abner Santos) Foi-me indigesto à primeira vista. O motivo? É simples...

Não acredito num amor que só se autentica numa decepção nem tampouco num amor que exige provas de amor do outro. Parece exagero falar assim, mas ainda prefiro crer num cristianismo que prega o dom de si ao invés de "reivindicações de caridade". Reduz-se o amor a tão pouco! Crer nas pessoas é também amar e, antes de esperar que amem, devemos amar. Se duvido do amor do outro até minha próxima falha sou, na verdade, interesseiro, mesquinho e egoísta. Devo dar amor e não esperar que me amem de verdade.

Faço duas leituras daquele dizer que citei no início:

1. Amas-me? Duvido. Far-me-ei teu inimigo e, se ainda me amares, saberei se dizes a verdade.

2. Amo-te? Não sei. Faze algo contra mim e saberei dizer-te com certeza.

Exagero, talvez, mas às vezes é bom levar aos limites as ambiguidades sutis que podem ficar bem escondidas atrás de certos romantismos. É certo, o amor ao inimigo e ao que nos fez mal é a expressão mais visível do amor cristão, mas é apenas expressão de um amor que, antes, é incondicional e já é verdadeiro. O amor verdadeiro é permanente e não depende de merecimentos, por isso o momento da decepção "prova" sua verdade. O problema é colocar essa "prova" como uma exigência, uma condição para se poder esperar amor do outro.

É este meu pensamento: o amor sempre espera o bem do outro e segue sempre amando [e esperando esse bem]. O amor não se decepciona porque "não busca os seus próprios interesses, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (cf. 1Cor 13, 5-7)

"Quem tem ouvidos para ouvir que ouça." (Mt 11, 15)

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