quinta-feira, 27 de maio de 2010
Banalidade
Não poderá ser sempre igual
Ainda que pareça que se repitam
As mesmas palavras e a entonação
Pois nunca há mera repetição
Se sobre Deus se ousa falar
Por que será sempre novo
Tudo que Dele se diz de novo
Mas para muitos é causa de tédio
O que de Deus se diz, nada mais
Sem qualquer novidade aparente
Ou qualquer sentido subjacente
Mas será verdade o que dizem
Os ouvidos que só ouvem igual
Igual em todas as vezes que ouvem
O discurso a que chamam banal?
Na verdade ao novo não ouvem
Por que só ao antigo querem ouvir
Não querem render-se ao saber
Que se recusam a reconhecer
Assim muitos desses se vestem
De uma soberba humildade
E se gabam de já conhecerem
O que já não querem ouvir
Mas não lhes parece absurdo
Que apreciem tantos discursos
Que são sempre também repetidos
A todo tempo à mesma cadência
Falam sempre do mesmo jeito
E só contra Deus sabem falar
Nesse, porém, náo acham o tédio
Sem queixas aplaudem as repetições
E de todos os lados ouvimos
Discursos que dizem todos os dias
Que dizem sempre as mesmas palavras
Ditas por tantos em tantos lugares
Mas do mundo a palavra é efêmera
E logo morre e ao vento se vai
Sempre se veste de novos disfarces
Pra seu fim parecer mais distante
A verdade é que não se pode calar
A voz que não se cansa de repetir
A sempiterna Palavra de Deus
Que sendo eterna não pode mudar
Pergunto-lhes onde está a banalidade
E qual discurso é de fato vazio.
Saibam que vazia é toda palavra
Que só vive de queixas e acusações
Se os hipócritas não puderam matar
A fé de tantos que preferem ouvir
A Palavra de Deus ao que a condena
O que não quer crer tampouco o fará
Se a Palavra de Deus se repete
É preciso que se queira entender
E um sincero desejo de compreender
A novidade oculta no que já foi dito
O que de Deus se diz não é repetido
Mesmo se dito nas mesmas palavras
Porque sempre nova é Sua Palavra
Infinita verdade aos poucos mostrada
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Variáveis
Variações são assustadoras.
Mudanças não costumam ser
Bem vindas a todos os lares
Nem louvadas por todos nós
Mas variáveis são amigas nossas
Conosco vivem sem conflito algum
E assim vivemos correndo o risco
De nos perder sem saber querer
É a loucura de uma vida perdida
No meio de escolhas aleatórias
Escolhas? Não creio que o sejam
O que de fora se nos impõe
Escolhas? Parecem-me todas iguais
Ilusões de solidez, de estabilidade
Uniformidade de pensamentos estranhos
Que não estranham a realidade
Vamos todos ficando iguais
E assim morreremos todos iguais
Iguais todos que a si mesmos usam
Usando a outros que também o fazem
Variações, as tememos todas
Mas Variáveis queremos, mesmo tolas
Não se pode ser de um só apenas
E nem mesmo dono de si mesmo só
Muitos querem que sejamos todos
Todos tolos que não se veem assim
Perdidos em si, presos em outros
Presos a si, pendendo a todos
São assim os que se fazem loucos
São assim os que se querem tolos
Usando os outros para seu prazer
E assim só servem ao prazer de todos
Ao prazer de todos que qual eles são
E não se percebem na contra-mão
Do natural progresso da racional razão
Irracionais se fazem pensando pensar
São todos racionais, a ciência diz
Todos esses que a si mesmos perdem
Mendigando alguns minutos de atenção
Mas a vida, amigo, o contrário prova
Variações, se possível, sejam poucas
Mas variáveis, as queremos todas
É mais fácil viver na indecisão
Que contra o acaso erguer a mão
Quando a mim, não quero viver assim
Não ficarei sentado esperando o fim
Não verei a vida passar por mim
Sem que por ela eu tenha passado