terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sequidão

Olho à minha volta e somente vejo sequidão, aridez. Tento caminhar e logo o corpo se queixa do calor, da sede, do cansaço; é difícil continuar. A mente cria ilusões para tentar consolar-me, enganando meus sentidos com imagens falsas do que me poderia aliviar. E tantas vezes deixei-me enganar por mim mesmo, abraçando o vazio dessas ilusões, adiando minha chegada por causa de satisfações passageiras!

Os sentidos enganam, e enganam mais quando são por muito tempo privados dos deleites que tanto amamos. Fantasias se insinuam na imaginação como se fossem realidade, recriam figuras que no passado foram ocasião de pecado, tentam fazer tropeçar a alma em pedras imaginárias, assustando-a com vultos que já não existem. É a fraqueza humana, que sempre pende para baixo.

Como me atormentam tais pensamentos! Como me perturbam e me tiram a paz essas imagens que já não desejo, que já abomino, mas que insistem em permanecer nesta casa em que não são mais bem-vindas!

Ó doce Amor, meu Jesus, minha vida! Penetrai minha alma com Vossa suavidade e expulsai de mim esses Vossos inimigos que tanto me perturbam. Quisera ter diante de mim somente Vossa imagem, Senhor, e contemplar ininterruptamente Vossa paixão para, assim, purificar-me daquelas imagens que me tiram a paz! Vós podeis, amado Salvador, privar-me dos deleites e das vaidades do mundo, mesmo quando me faltam forças e vontade de afastar-me deles. Privai-me deles por Vosso amor, Senhor, para que Vos ame sobre todas as coisas e queira, como Vós, aniquilar-me totalmente, esvaziar-me de mim, negar-me a mim mesmo para Vos seguir em Vosso caminho. Assim seja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário